domingo, 1 de janeiro de 2012

PRÉ-PROJETO DE PESQUISA

“NÓS” E “O OUTRO”: a prática da lei 10.693/03 no Estado de Sergipe

Fabilia Aparecida Rocha de Carvalho

Se a educação não transforma sozinha a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda. Se a nossa opção é progressista, se estamos a favor da vida e não da morte, da eqüidade e não da injustiça, do direito e não do arbítrio, não temos outro caminho senão viver plenamente a nossa opção. Encarná-la, diminuindo assim a distância entre o que dizemos e o que fazemos.

Paulo Freire

TÍTULO: “NÓS” E “O OUTRO”: A PRÁTICA DA LEI 10.693/03 NO ESTADO DE SERGIPE

LINHA DE PESQUISA: TRATANDO DO OBJETO E DO PROBLEMA DA PESQUISA: FORMAÇÃO DE EDUCADORES: AVALIAÇÃO E COMPETÊNCIAS

Um trabalho de verificação de sentidos da diversidade étnica entre a escola e a escola, a escola e os professores, os professores e os professores, os professores e os alunos, a escola e os alunos, os alunos e os alunos.

Objeto: Educação e etnia

Problema: cumprimento da Lei 10.693/03

Nos últimos anos tenho estado em sala de aula, ministrando cursos a vários níveis, inclusive à formação profissional no SENAI e à pós-graduação, aqui no Estado de Sergipe. Meu interesse pelas políticas e práticas pedagógicas surgiu da minha própria relação com a educação, especificamente com a escola, com a universidade, com os colegas e com os educandos. Constatei que o projeto político pedagógico das escolas não contemplam nenhuma ação específica sobre a diversidade étnica; que os colegas elaboram projetos interdisciplinares olvidando completamente essa questão; que os alunos se surpreendem quando abordo essa questão em sala de aula; que a questão da diversidade étnica ainda é um tabu no Estado de Sergipe, tanto que o assunto é inabordável, intocável e nas minhas várias tentativas de desenvolver qualquer ação em direção a ele, praticamente fui considerada uma “pessoa problemática”. Alunos formandos em pós-graduação em Língua Portuguesa e Lingüística não conheciam a Lei 10.693/03.

Mais interessante é a relação dos próprios negros com a sua etnia. Encontrei aqui uma atitude de rejeição em relação às características étnicas que é explícita na maneira de falar e designar as coisas, como por exemplo, (chamar os negros de “morenos”) “cabelo ruim” em oposição a “cabelo bom”.

Foram esses os principais aspectos que me motivaram a escrever e desenvolver um projeto que alinhe a educação no Estado de Sergipe a uma das formas de inclusão social que é o respeito à diversidade étnica.

A política de ações afirmativas adotada pelo Governo Federal aborda a questão da educação e a diversidade étnica, legalizada através da Lei 10.693/03 (em anexo) que obriga a inclusão de “História e Cultura Afro-Brasileira” cujos conteúdos serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de Educação Artística, de Literatura e História Brasileiras na matriz curricular do ensino fundamental e médio, oficiais e particulares. No entanto, para que essa lei possa ser colocada em prática, existe a necessidade da capacitação dos educadores brasileiros e ainda se levar em conta que em cada “Brasil” contido no nosso Brasil existem características culturais distintas e que a questão da diversidade, portanto, é encarada e vivenciada de formas diferentes em diferentes regiões. Os Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e Minas Gerais, por exemplo, têm no seu histórico ações de resistência que também se fortaleceram nas capitais e nas grandes cidades, não tendo a mesma repercussão pelos interiores. Mesmo assim, o envolvimento com os movimentos que reivindicam os direitos do cidadão negro não abarca uma porcentagem significativa da população o que se deve à falta de conscientização ligada a própria história do país que estigmatizou o discurso embranquecedor na época pós-escravocrata. Dessa maneira, a questão da cidadania do descendente dos escravos tornou-se bandeira de luta de pessoas esclarecidas, negros e não-negros, que conseguiram desenvolver um trabalho de conscientização à custa de muita luta, culminando com a conquista, entre outras, da pauta da Lei 10.693/03, que é o objeto da minha pesquisa.

Com o advento das políticas públicas de inclusão, a formação do professor precisa ser mais qualificada e dinâmica e é premente a necessidade de se (re)ver o que se tem feito em direção a essas políticas e como se tem feito. Estamos diante de uma nova realidade que exige a definição de novos parâmetros para se pensar sobre a formação do docente, entre eles a relação com o saber e a capacidade de desenvolver ações efetivamente transformadoras do mundo atual.

Segundo Charlot (2005):

“...Não há saber (de aprender) senão na relação com o saber (com o aprender). Toda relação com o saber (com o aprender) é também relação com o mundo, com os outros e consigo. Não existe saber (de aprender) se não está em jogo a relação com o mundo, com os outros e consigo.” (Charlot, 2005, p. 58)

É a partir do enunciado acima que estabeleço um diálogo com Bakhtin (1979) para o qual todo discurso é dialógico, ou seja, mantém um diálogo intratextual consigo próprio e extratextual com outros discursos, ou seja, o estudioso concebe o dialogismo como o princípio constitutivo da linguagem e condição sine qua non do sentido do discurso. Esse dialogismo tem dois aspectos: o da interação verbal entre o enunciador e o enunciatário do texto e o da intertextualidade. No primeiro aspecto, o sujeito perdeu sua posição central e é substituído por diferentes vozes sociais que fazem dele um sujeito histórico e ideológico. Em relação à intertextualidade, o texto é considerado o ponto de interseção de vários diálogos e o cruzamento de vozes sociais, que Bakhtin denomina polifonia. Atualmente, com o avanço da tecnologia e o desenvolvimento da informática é muito fácil entendermos esse processo quando navegamos na Internet e “linkamos” o texto atual com “n” outros possíveis na “web”, que mantém uma relação dialógica em consonância ou dissonância com o atual. Embora, o nosso foco seja este, citamos também Authier-Revuz (1999) que propõe o princípio da heterogeneidade constitutiva do discurso, isto é, ele é sempre construído a partir de outro discurso

Quando uso a palavra “discurso”, refiro-me ao sentido dado a essa palavra pela Análise do Discurso francesa, isto é, a materialização das idéias que está vinculada à questão do sujeito, da história e da ideologia, preconizada por Pêcheux (1993).

De acordo com Bakhtin (1979), o signo é a arena da luta de classes, assim é no discurso que se manifestam as vozes sociais inscritas nesta ou naquela ideologia que está diretamente relacionada a formações ideológicas[1] condicionadas pelos aparelhos ideológicos do Estado.

Penso, portanto, no discurso racista que atravessa a ideologia e suas conseqüências para o ensino/aprendizagem dos nossos educandos, levando em conta que a escola é um dos aparelhos ideológicos que perpetua a condição de imobilidade social das classes pobres onde se situa significativa porcentagem de afro-descendentes.

Charlot (2005) preconiza que entre os educandos há os que pertencem à classe média que tem consciência da importância da escola para o seu futuro, os que pertencem às classes mais pobres que vêem nela uma oportunidade de melhorar sua condição e outros da mesma classe que não conseguem estabelecer um diálogo com a escola e que, portanto, freqüentá-la não tem sentido. Minha preocupação não só está voltada para esses três tipos de alunos, como também para a própria escola e para o professor, já que enquanto sujeitos, tanto a escola, quanto o aluno e o professor estão assujeitados ao discurso dominante, condicionados a vozes estereotipadas que dificultam a transformação do atual panorama.

Atualmente existe um instrumento legalizado para se colocar em prática ações que visem essa transformação, a lei 10.693/03, veiculando vozes opostas àquelas tradicionalmente ouvidas, colocando em choque aquelas vozes. Esse instrumento existe sim, porém como atualizá-lo se a própria escola pertence a uma outra formação ideológica? Quando digo escola aqui, refiro-me a gestores e educadores. Portanto, o cumprimento da lei 10.693/03, precisa começar por eles, disponibilizando cursos, capacitações, oficinas, work-shops, palestras, seminários, que os mobilize para desenvolver projetos nas suas escolas.

(Re-)construindo sentidos

Quando falo em ressignificar pretendo dizer que é necessário que os signos da negritude sejam reconhecidos e valorizados pelo discurso escolar, o discurso pedagógico. Com isso, estou atribuindo valores semióticos à cultura negra, estou reafirmando os traços culturais que lhe são pertinentes, e que a opõe como “o outro” em relação à cultura dominante. Esse “outro” é o diferente que precisa ser reconhecido como diferente. No título deste pré-projeto confronto identidade e alteridade, sendo que “nós” refere-se ao ideário veiculado pelo discurso racista em relação ao “outro” que é o afro-descendente.

Conforme Candau (2005), a questão da alteridade perpassa todas as relações, sendo assim:

As relações entre “nós” e os “outros” estão carregadas de dramaticidade e ambigüidade. Em sociedades em que a consciência das diferenças se faz cada vez mais forte, reveste-se de especial importância aprofundarmos questões como: quem incluímos na categoria “nós”? quem são os “outros”? (Candau, 2005, p.19).

Em Dissertação de Mestrado apresentada na Universidade Federal Fluminense, Mariza de Paula Assis (2006) afirma que:

No jogo dessa relação, entre o nós e os outros, a cultura ocidental naturalizou um conjunto de falácias que projetou no outro como fonte do mal, o outro como sujeito a tolerar, o não civilizado, o não culto. Essa representação se aproxima muito ao que se construiu sobre o sujeito negro no Brasil, que em nossas relações sociais é o outro. O que se espera de sua prática educativa, na perspectiva do multiculturalismo, é a afirmação positiva do sujeito outro, que deve ser percebido e entendido como outro na relação pedagógica, pois, numa posição mais explícita, significa uma afirmação, no caso da sociedade brasileira, da identidade étnico-racial dos sujeitos negros.

Charlot (2005) afirma que a educação supõe uma relação com o Outro, já que não há educação sem algo de externo àquele que se educa. Este é um outro universal de ensino. Aquele Outro é um conjunto de valores, de objetos intelectuais, de práticas, etc.; é também um outro ser humano (ou vários).” (p. 77)

O discurso pedagógico é per si autoritário. De acordo com Orlandi (2003), “A ensina R a B em X”, onde A= professor (o professor não ensina, “inculca”); R = imagem do referente (Metalinguagem, o discurso institucionalizado); B = Imagem do aluno e X = escola (Aparelho Ideológico).

Ressignificar, portanto, é transformar esse discurso, é ter um novo olhar sobre “o outro”, inserindo os traços semânticos da cultura negra na multiculturalidade brasileira.

O que chamo de signos da negritude são as características físicas, históricas e culturais, a manifestação corporal, compreende penteado, roupas, acessórios, maquilagem, gesticulação e fala. Enquanto características físicas: o tom da pele, o formato do nariz e da boca, os cabelos (de ondulado a crespo). Enquanto características culturais: a música, a dança, a religião Enquanto características históricas: a ancestralidade, a escravização, a resistência, a exclusão e a inclusão social.

Charlot (2005) aborda a questão das diferenças como causa de fracasso escolar, reportando também a importância da história de cada um enquanto indivíduo ao que esclarecemos que para as questões étnicas daremos prioridade ao sujeito histórico, ao indivíduo que é cooptado enquanto sujeito pela ideologia.

Pensando ainda no recorte regional que representa Sergipe, há que se verificar qual o sentido desses signos neste espaço. Como estão sendo vivenciados?

O resgate da auto-estima atravessa questões relacionadas à aceitação do próprio corpo com suas características étnicas, ou seja, a matiz da pele, os cabelos, formato dos lábios, formato do nariz, à história, etc. A falta de valorização das características étnicas, a história abafada, a estereotipização do cidadão negro com conotações negativas é uma das principais causas do fracasso escolar, segundo pesquisas realizadas por Cavallero (data)....

O espaço privilegiado de resgate e transformação de valores é a escola e os atores são os educadores e os educandos. Cabe ao educador manter-se conectado com as exigências de seu tempo, atualizar-se, capacitar-se e realizar “performances” que se alinhem às perspectivas da educação muito além do “saber fazer” que é o “saber ser”.

Neste projeto, pretendo desenvolver oficinas de capacitação para professores de ensino fundamental, ensino profissionalizante e ensino superior que resgatem a auto-estima, tendo como referência a Lei 10.693/03. Como professora de Língua Portuguesa, Literatura, Lingüística (Estilística e Sociolingüística) e capacitações em Coesão e Coerência Textuais, Semiótica Greimasiana e Análise do Discurso de linha francesa, tenho como foco o texto, e é a partir dele que realizarei desdobramentos para a área da Educação.

REFERENCIAL TEÓRICO

Para o desenvolvimento do meu trabalho, adoto como alicerce teórico as idéias sobre a formação do professor de Bernard Charlot em sua obra Relação com o saber, Formação dos Professores e Globalização: questão para a educação hoje, especificamente o capítulo 4, no qual ele aborda “Os universais da situação de ensino”; os pensadores russos Mikhail Bakhtin e Lev Semyonovich Vygotsky, cujos discursos dialogam quando pensam a educação; arcabouço que sustenta a Análise do Discurso de linha francesa, de um lado Michel Foucault e de outro Michel Pêcheux; obras que tematizam a questão da educação e etnia como a de Vera Lúcia Candau, Kabenguelê Munanga, Eliane Cavallero e outros.

Por ser multidisciplinar, este projeto movimenta saberes relacionados às áreas de Língua Portuguesa, Lingüística, Sociologia, Antropologia, História e Educação.

OBJETIVO GERAL

Pesquisar sobre a Lei 10693/03 e seu cumprimento.

OBJETIVO ESPECÍFICO

Pesquisar sobre o cumprimento da Lei Federal 10.693/03 nas escolas particulares e públicas de ensino básico do Estado de Sergipe, tendo como parâmetro o comportamento e a vivência dos signos da negritude

O resultado do trabalho resultará em Tese de Doutorado intitulada (?) publicada em livro e colocada à disposição às Secretarias da Educação do Estado de Sergipe.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Pesquisa sobre as ações que estão sendo desenvolvidas em relação à Lei 10693/03: é relevante que se destaque o que tem sido feito em várias regiões do Brasil, promover um diálogo entre essas ações, e sugerir linhas de ação para o Estado de Sergipe respeitando a heterogeneidade cultural. Como pretendo que o trabalho seja editado e publicado, é interessante registrar o histórico dessa transformação que, afinal, está acontecendo ou não? Em quais regiões a lei está sendo cumprida.

Minha proposta é desenvolver planos de ações que compreendem as etapas:

  1. Estabelecer diálogos com pesquisadores, ONGs, que já estejam trabalhando a lei 10.693/03
  2. Levantar fontes bibliográficas sobre o assunto
  3. Visitar as escolas de Sergipe com a finalidade de entrevistar gestores e professores em relação ao cumprimento da Lei 10.693/03

PROVÁVEIS CAPÍTULOS DA TESE

I. O negro e a educação no Brasil

II. As ações afirmativas e a Lei 10.693/03

2.1. Como está sendo trabalhada a Lei 10.693 no Brasil

2.2. Como está sendo trabalhada a Lei 10.693/03 em Sergipe

III. A formação do professor e as políticas de educação inclusiva

IV. DISCUSSÃO

V. CONCLUSÃO

. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANEXOS

CRONOGRAMA

2008

1º semestre

Disciplinas para cumprimento de créditos, pesquisa bibliográfica

Levantamento de material sobre a 10.693/03 e a educação (o que está acontecendo no Brasil em relação a essa lei)

Participação em Congressos, Seminários etc.

2º semestre

Disciplina para cumprimento de créditos

Revisão da Literatura (fichamento de textos teóricos e críticos selecionados)

Elaboração da pesquisa em Sergipe

Participação em Congressos, Seminários etc.

2009

1º semestre

Planejamento de ações

Participação em Congressos, Seminários etc.

2º semestre

Elaboração dos cursos de capacitação

Participação em Congressos, Seminários etc.

2010

1º semestre

Fase final da escritura da tese

Revisão do orientador

Participação em Congressos, Seminários etc.

2º semestre

Defesa da tese

BIBLIOGRAFIA

AUTHIER-REVUZ, Jacqueline. Heterogeneidade(s) Enunciativa(s). In: Cadernos de Estudos Lingüísticos. Campinas: (19):25-42, jul/dez. 1990.

BAKHTIN, Mikhail. Marxismo e fisolofia da linguagem. São Paulo:Hucitec, 1979.

BORDIEU, P. A economia das trocas simbólicas. São Paulo:Perspectiva, 1974.

CANDAU, Vera Maria. Sociedade multicultural e educação: tensões e desafios. In: Cultura(s) e educação: entre o crítico e o pós-crítico. Rio de Janeiro: DP&A, 2005.

CHARLOT, Bernard. Relação com o saber, Formação dos Professores e Globalização: questões para a educação hoje. Porto Alegre: Artmed, 2005.

FREITAS, Maria Teresa de Assunção. Nos textos de Bakhtin e Vygotsky: um encontro possível. In: BRAIT, Beth (org.). Bakhtin, dialogismo e construção do sentido. Campinas:UNICAMP, 1997.

GOMES, Nilma Lino e SILVA, Petronilha B. Gonçalves (orgs.) Experiências étnico-culturais para a formação de professores. Belo Horizonte, Autêntica, 2002.

LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 2002.

SANTOS, Gislene Aparecida dos. A invenção do “ser negro”: um percurso das idéias que naturalizaram a inferioridade dos negros. São Paulo: Educ/Fapesp; Rio de Janeiro: Pallas,2002.

ORLANDI, Eni Puccinelli. O discurso pedagógico e circularidade. In _________. A linguagem e seu funcionamento: as formas do discurso. 4.ed. Campinas:Pontes, 2003.

PÊCHEUX, Michel. Análise Automática do Discurso. In: GADEY, F. & HAK, T. Por uma análise automática do discurso: uma introdução à obra de Michel Pêcheux. Campinas: UNICAMP, 1993.

VYGOTSKY, L.S. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1991.

MEC. PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS. 1997.


ANEXOS

LEI No 10.639

DE 9 DE JANEIRO DE 2003.

Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira", e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1o A Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar acrescida dos seguintes arts. 26-A, 79-A e 79-B:

"Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares, torna-se obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira.

§ 1o O conteúdo programático a que se refere o caput deste artigo incluirá o estudo da História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil.

§ 2o Os conteúdos referentes à História e Cultura Afro-Brasileira serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de Educação Artística e de Literatura e História Brasileiras.

§ 3o (VETADO)"

"Art. 79-A. (VETADO)"

"Art. 79-B. O calendário escolar incluirá o dia 20 de novembro como ‘Dia Nacional da Consciência Negra’."

Art. 2o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 9 de janeiro de 2003; 182o da Independência e 115o da República.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Cristovam Ricardo Cavalcanti Buarque



[1] De acordo com Foucault, na esteira de Althuser

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