Na estação de trem
Bem acomodada num banco num
cantinho da gare dos trens que chegam e partem, aguardo tranquilamente o meu
vagão. Já repassei minha vida, não há mais nada para lembrar, ou de que me arrepender, ou querer que o tempo volte. Plácida, vejo trem chegar, trem
partir, trem chegar, trem partir, porém meu bilhete ainda não foi chamado.
Eu e eu. A partida é singular, as sensações
são singulares, creio que para cada qual, únicas. Tudo já foi compartilhado,
agora somente o silêncio fala. Haverá quem entenda? Talvez alguns pares da
viagem, pois noto que nem todos estão tranquilos. Talvez sejam os que viveram
equivocados com a vida e lamentam deixá-la como se ela fosse o FIM , a VERDADE
e o maior TESOURO que tiveram.
Meu coração pulsa, meu sangue
viaja pelo meu corpo, meu cérebro está ativo, então não é justo apenas ficar
esperando o meu bilhete ser chamado. Levanto-me, saio da estação e abraço a
vida.
Preta Fá
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