sábado, 18 de fevereiro de 2012


Até hoje quando passo pela mansão de Dona Lila Novaes, referencio o casarão fantástico que me traz gratas e incomparáveis recordações de momentos muito felizes da minha infância. Foi ali que tive minhas primeiras aulas de piano, com a Dona Silvinha, a filha mais velha que, então, era uma meiga jovem atenciosa e dedicada. Tudo naquela casa parecia ter saído direto das páginas de Grimm, Perrault e Andersen; minha curiosidade infantil investigava as sensações prazerosamente: os sons do piano misturados aos odores amanteigados que vinham da cozinha “sol mi mi, fa ré ré, do ré mi fá sol sol sol....”, e, às vezes, o palpite indiscreto de um papagaio. ...aquelas manhãs eram plenas e saborosas... havia a varanda envidraçada com redes e muitas plantas e num andar bem mais baixo, a lavanderia e o pomar. Eu excursionava por todos esses lugares!
A casa de Dona Lila era palco de muitas atividades. Havia as noites de sessão espírita, as médiuns todas de branco, inclusive minha mamãe. O amor era a tônica dos trabalhos e eu sentia a grandiosidade daquilo, mesmo sem entender tudo, afinal, eu tinha cinco anos. Recebia o carinho da espiritualidade amiga e tomava a águinha de Jesus com respeito.
Havia também os dias de festas, estes os mais apreciados: casa iluminada, doces, salgados e o irresistível ponche, não deliberado para crianças, mas eu sempre conseguia. Como resistir a uma bebida tão colorida, tão doce, tão “ai”....?
Outra casa encantada da minha infância era a da Dona Maria do Seu Alfredo. Era a casa da cura, porque eu brincava num parque bem em frente e não mais de uma vez, entrei lá berrando procurando por socorro. Ali também era um ponto de luz. Equipe firme de desobsessão! Na época, as reuniões eram feitas em casa, porque não havia centros espíritas suficientes; médiuns sérios, conscientes, a caridade acontecia sem problemas.
O parque infantil era adorado. Vários brinquedos atrativos; melhor que a piscina, só o poste gigante, brinquedo que exigia certa habilidade.  Voávamos em torno de um poste de ferro, correndo, dando impulso com o corpos e segurando nos estribos das correntes. As mãozinhas ficavam um calo só, mas a liberdade do corpinho cortando o ar......”o bonde”  e todas caprichavam nas manobras...
Maluco mesmo era o quintal da casa do avô! Cheio de jabuticabeiras, esse quintal era o nosso QG. Ele merece artigo especial!

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