Até hoje quando passo pela mansão
de Dona Lila Novaes, referencio o casarão fantástico que me traz gratas e
incomparáveis recordações de momentos muito felizes da minha infância. Foi ali
que tive minhas primeiras aulas de piano, com a Dona Silvinha, a filha mais
velha que, então, era uma meiga jovem atenciosa e dedicada. Tudo naquela casa
parecia ter saído direto das páginas de Grimm, Perrault e Andersen; minha
curiosidade infantil investigava as sensações prazerosamente: os sons do piano
misturados aos odores amanteigados que vinham da cozinha “sol mi mi, fa ré ré,
do ré mi fá sol sol sol....”, e, às vezes, o palpite indiscreto de um papagaio.
...aquelas manhãs eram plenas e saborosas... havia a varanda envidraçada com
redes e muitas plantas e num andar bem mais baixo, a lavanderia e o pomar. Eu
excursionava por todos esses lugares!
A casa de Dona Lila era palco de
muitas atividades. Havia as noites de sessão espírita, as médiuns todas de
branco, inclusive minha mamãe. O amor era a tônica dos trabalhos e eu sentia a
grandiosidade daquilo, mesmo sem entender tudo, afinal, eu tinha cinco anos.
Recebia o carinho da espiritualidade amiga e tomava a águinha de Jesus com
respeito.
Havia também os dias de festas,
estes os mais apreciados: casa iluminada, doces, salgados e o irresistível
ponche, não deliberado para crianças, mas eu sempre conseguia. Como resistir a
uma bebida tão colorida, tão doce, tão “ai”....?
Outra casa encantada da minha
infância era a da Dona Maria do Seu Alfredo. Era a casa da cura, porque eu
brincava num parque bem em frente e não mais de uma vez, entrei lá berrando
procurando por socorro. Ali também era um ponto de luz. Equipe firme de
desobsessão! Na época, as reuniões eram feitas em casa, porque não havia
centros espíritas suficientes; médiuns sérios, conscientes, a caridade
acontecia sem problemas.
O parque infantil era adorado.
Vários brinquedos atrativos; melhor que a piscina, só o poste gigante,
brinquedo que exigia certa habilidade.
Voávamos em torno de um poste de ferro, correndo, dando impulso com o
corpos e segurando nos estribos das correntes. As mãozinhas ficavam um calo só,
mas a liberdade do corpinho cortando o ar......”o bonde” e todas caprichavam nas manobras...
Maluco mesmo era o quintal da
casa do avô! Cheio de jabuticabeiras, esse quintal era o nosso QG. Ele merece
artigo especial!
Nenhum comentário:
Postar um comentário