segunda-feira, 9 de abril de 2012

VACAS MAGRAS


Carregam as  suas dores sozinhos
Nem  as paredes querem ouvir
Queixumes  desesperados lamentos

No tempo das vacas gordas formosas
Casa cheia de gente cheirosa rindo
Comendo beijando bebendo dançando

Vacas  magras chegaram vagarosas
Envergonhadas de cabeça baixa
Os badalos velhos e enferrujados

Ossos saltando sob a pele flácida
Escaras abertas no couro seco
Enfermidade explícita no olhar

A turba eufórica foge medrosa
Das vacas magras  indesejáveis
Vai em busca de efêmeros sonhos

A turba eufórica foge impiedosa
Sente o cheiro do torpe infortúnio
Vai em busca de fugidia insensatez

Enquanto os desassombrados
Observam  a agitação humana
Enveredando-se  na contra-mão
Epicuro reina soberano e destemido
Dioniso e Pan gargalham maliciosos
A turba alienada suga as vacas gordas

Ontem vacas gordas, hoje magras
Lamentam suas inesperadas desditas
Ainda que para apáticas paredes surdas

Preta Fá

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