domingo, 5 de dezembro de 2010

Minha história

UMA HISTÓRIA DE AUTOSUPERAÇÃO

INTRODUÇÃO
Ninguém é capaz de prever como será o daqui a pouco da própria vida. Sabemos de histórias que transformaram a vida das pessoas, tanto muito positivas, quanto ao contrário. Pessoas que enriqueceram de um dia para o outro; outras que descobriram algum fato importante que as tornaram mais felizes; algumas que perderam fortunas imensas por um revés no mundo dos negócios; pessoas que perdem entes queridos, enfim quando o im-previsível irrompe na vida do ser humano não há como detê-lo.
Como um ser humano predisposto a mesma rotina de qualquer um dos meus pares, assisti impotente a chegada do imprevisto. Confesso que não vejo outra coisa a fazer, senão reunir forças para passar pelo “não-sei-mais-o-quê”, confiar que tenho um Pai que sabe o que faz e que Ele não coloca fardos pesados em ombros fracos.
Decidi também ir relatando os fatos, já ir escrevendo o meu livro, tanto por que já me impus há algum tempo que teria de publicar a minha obra, como para deixar registrada uma história real que antecipo denominando-a uma história de auto-superação.

CAPÍTULO I
O que é isso? Só pode ser o meu fim! Não, não posso acreditar que justamente hoje, um dia antes de começar a Semana de Letras que estou organizando, vai me acontecer isso?! Olho novamente incrédula para o vaso e “sangue”... “sangue mesmo”...
No mesmo instante resolvi que só iria ao médico depois da noite de abertura da semana e da segunda noite em que levaria para o palco a tragédia Medeia, de Eurípedes, adaptada, dirigida e produzida por mim. Não, que Deus me poupasse e permitisse que eu aguentasse ao menos mais esses dias.
A tensão e a ansiedade não me permitiram nem dar prosseguimento a uma disciplina que estava começando no CETCC (SENAI). Pela manhã, uma manhã de quarta-feira, ainda fui ao CETAF-AJU, onde auxilio em uma sessão quando não estou em aula. Conversei com algumas colegas sobre o que estava ocorrendo e que só iria ao médico na sexta-feira, exceto se tivesse de sair em ambulância direto para um hospital.
Interiormente, ouvia o rufar de asas agourentas... minhas fezes eram pedaços de sangue coagulado como se eu estivesse expelindo meu próprio intestino.
A noite de abertura da Semana foi um sucesso. Os alunos participaram em peso. Portavam a camiseta que eu idealizei para o evento cujo tema foi Língua, literatura e arte: olhares que se entrecruzam. Escolhi como representação simbólica uma obra de Volpi, Bandeiras e Mastro, iconizando a arte e ainda articulando-a a um símbolo do Nordeste que são os festejos populares. Aprendi a apreciar esse artista italiano radicado no Brasil desde o início do século XX e falecido há bem pouco tempo por seu estilo singular de escolher como tema de suas pinturas fachadas de casas simples, bem como vários tipos de bandeiras. Na frente da camiseta dos alunos, a arte de Volpi com os dados sobre a Semana. Na parte de trás, “Poética”, de Manuel Bandeira (...) “não quero mais saber de lirismo que não é liberdade.
Contratei um artista, Feliciano, que fez uma “performance”, recitando versos de Augusto dos Anjos, Drummond e Bandeira.
A mesa-redonda da abertura que teve como tema “Diretrizes curriculares dos cursos de Letras”, com a participação de professores doutores da Universidade Federal de Sergipe alcançou eco por parte do público que demonstrou seu agrado com muitos aplausos.
Na quinta-feira pela manhã, o quadro de sangue continuava, estava sentindo-me enfraquecida e com as pernas querendo travar. Liguei para a minha filha que mora em São Paulo, terceiranista de Medicina, e ambas soluçamos juntas ao telefone. O quadro não cheirava bem. Pela tarde, ainda andei muito pelo comércio comprando os últimos objetos e tecidos necessários para compor o cenário que idealizei.
Enfim, a noite da peça. Das 18h30m às 20h30m, houve comunicações de trabalhos de graduandos e pós-graduandos. Enquanto isso, no auditório da Faculdade, alguns alunos montavam o cenário de Medeia. Grandes painéis de tecido vermelho e de tecido branco manchado de vermelho simulando sangue compuseram o cenário. Na frente do coro, 22 pessoas vestidas de túnicas longas pretas e rostos pintados de branco com uma mancha negra nos olhos, quase cem velas vermelhas em semicírculo.
Às 20h15m, fui me vestir, já que também fiz um papel, o da ama de Medeia que, embora tivesse poucas falas, abria o espetáculo. Não foi com pouca emoção que me compus, fiz minha maquilagem vibrando de felicidade por estar realizando um velho sonho. No fundo, as mesmas asas agourentas continuavam ruflando, porém nos dois primeiros dias da Semana eu as ignorei. E foi com o clima dos grandes espetáculos que Medeia estava quase começando. No palco com as cortinas fechadas, os artistas se arrumavam, o coro se pintava, alunos curiosos batiam fotos de tudo e tanto os mais nervosos quanto os mais alegres giravam os instrumentos de percussão e sacudiam os tamborezinhos que faziam a parte sonora do espetáculo como recurso para intensificar os momentos mais trágicos.
Chegado o momento, após as explicações sobre a tragédia dadas pelos alunos do 1º semestre de Letras, abriu-se a cortina e entrei com minha personagem na mais sublime inspiração. Aliás, inspiração que tive durante todo o ensaio e produção da peça, que me perguntava de onde vinha. Após a primeira longa fala da Ama e uma interlocução com o escravo, surge a temida e raivosa Medeia! Foi um grande show de interpretação da minha aluna Paulynne, menina tímida que fiz brotar e de Jasão, Juarez, que parece ter nascido no palco.
A peça foi aplaudida em pé e todos comentavam que aquele trabalho de maneira alguma era de amador, visto que eu expliquei ao público que era um trabalho ousado e de amador.
Acordei na sexta-feira com o telefonema de colegas zelosas do Senai me ordenando a ir ao médico, que elas já havia marcado a consulta e que ele estava me esperando.
CAPÍTULO II
-Dona Fabília, qual é a sua queixa, o que a traz aqui?
- Doutor, tive um sangramento na terça-feira pela madrugada e durante dois dias defequei coágulos de sangue.
Depois de fazer a anamnese, o médico encaminhou-me para uma salinha onde fez um exame chamado colonoscopia, um pouco dolorido.
- Dona Fabília, a primeira coisa que tenho a lhe dizer como resultado desse primeiro exame é que “NÃO É CÂNCER”!
- !?!
Uma das disciplinas de minha eleição e que tenho estudado nos últimos anos é “Análise do discurso de linha francesa”, portanto interpretei que poderia estar com câncer e que o médico usa esse discurso para que o paciente acorde para essa possibilidade, considerando que pode haver pessoas que de longe aventariam tal hipótese.
- Lhe adianto também, Dona Fabília, que terá de haver uma cirurgia, portanto estou-lhe passando uma série de exames.... não se assuste, pedimos todos para que no decorrer do tratamento, se precisarmos, já teremos os resultados em mãos. Além do mais, teremos de observar melhor o lugar lesado que estava pouco visível porque seu intestino estava cheio. É um tumor que, a princípio, parece benigno.
Os momentos de familiaridade com a nova situação tem várias faces. Primeiro, apenas a desconfiança, mas estava muito envolvida com a Semana de Letras, depois o medo dos exames: colonoscopia, videocolonoscopia com biopsia, tomografia reto-distal com constraste; ultrassonografia reto-distal.... cada exame deste teve uma preparação tanto física quanto mental como também espiritual.
No sábado, quando terminou a Semana de Letras, a realidade entrou devastando meus pensamentos. Segui direto da faculdade para o centro espírita onde assisto palestra e faço tratamento. Cheguei muito cedo e estava agitada pelo relato de uma pessoa amiga sobre as particularidades do exame que iria fazer na terça-feira. Quando minha amiga Ilka chegou sentei-me ao lado dela, agarrei-me ao seu braço e deitei minha cabeça no ombro querido pedindo conforto. No início da palestra eu já estava muito calma e deixei o centro confiante em Deus.
A preparação para a videocolonoscopia e biopsia foi tranquila e mesmo o exame, embora tenha causado algum desconforto, foi rápido. Pessoas queridas e atenciosas estiveram comigo me oferecendo palavras de conforto e mãos amigas.
Na quarta-feira, novamente eu no hospital São Lucas para fazer a tomografia com contraste. Bem humorada, toillete irrepreensível e, como sempre, lábios pintados de vermelho e olhos desenhados com delineador preto. Minha acompanhante foi Mara, aluna e amiga prestimosa, com a qual troco ideias. Manhã inteira no hospital, pacientes com histórico de câncer... comecei então a preparar minha mente para esse novo cenário: pessoas enfermas, macas, aparelhos, injeções, “cheiros”, médicos, enfermeiras,enfim, tudo o que me causava pânico. Daqui para a frente e não sei até quando este será o lugar que terei que conviver. Pronto.
O exame foi demorado e consegui um comportamento exemplar. Agitei-me para a ultrassonografia, fiz um grande esforço para me controlar e não sair correndo do hospital, porém foi muito calmo o momento. O médico que fez esse procedimento me disse que eu havia passado e saí rindo e cheia de esperança. Vã. O resultado da biopsia acusou um carcinoma invasivo pouco diferenciado no reto.
A alegria foi a chegada de minha filha Talita com o aeroporto em festa como se aquelas vozes que não ouvimos, que não são tão claras, estivessem nos dizendo que o final não seria tão ruim.
E foi ao lado dela que ouvimos a palavra do Dr. Juvenal... mil explicações... algumas sessões de quimioterapia, algumas de radioterapia para diminuir o foco e depois a cirurgia.
Q u i m i o t e r a p i a.... tremi! Tremi! Tremi!

A viagem inesperada

São muitos e variados os semblantes das pessoas ao meu redor, como também varia a idade delas, só raramente jovens e crianças que devem ser atendidas em outro setor. As expressões são de medo, de terror, de esperança, de aflição... e até de indiferença. Pela expressão e pelo tamanho dos cabelos dá para fazer uma leitura da fase em que estão essas pessoas. As que estão iniciando o tratamento, e, provavelmente, já sabem qual a gravidade do seu caso, chegam com grandes pastas com os exames, sempre acompanhadas e com um olhar de esperança. Tem aquelas que já não possuem um fio de cabelo, a tez pálida, atitute de dignidade e um ar de resignação. Essas, quando do sexo feminino, usam os mais diferentes tipos de chapéus, gorros, boinas, lenços, raramente exibindo a cabeça pelada. Os homens, ao contrário, mostrando a careca, porém observo muito mais mulheres que homens pelos setores por onde tenho passado.
Sim, estou no grande Hospital do Câncer A. C. Camargo em São Paulo, para onde tive de vir inesperadamente depois de ter passado pela oncologista de Aracaju, que recomendou sessões de quimioterapia e radioterapia fora de Sergipe, já que o estado possui apenas um aparelho de radioterapia e que a fila de pacientes para se submeter a esse tratamento é imensa. Sendo assim, a Dra. Karina sugeriu que providenciássemos o tratamento em São Paulo, fazendo com que meu mundo balançasse novamente.
Meu Deus, ir para São Paulo!?! Mas como!?! Eu pretendia continuar trabalhando na Faculdade São Luís... e minha casa, minhas coisas, meu cachorro??? Precisei de um tempo para acomodar a possível nova situação na minha cabeça, dei a notícia aos amigos da Faculdade e do Senai, conversei com a doce Cristiane e comecei os preparativos para vir para São Paulo. Chegamos aqui no dia 10 de junho, com o querido Bob, para ser atendida no dia 12 no Hospital do Câncer.
“Estou no Hospital do Câncer em São Paulo, aguardando meu atendimento. Agradecimentos a Deus pela minha boa disposição, por ter vencido os “medos”, por olhar ao meu redor e sentir a presença divina em TUDO.
Há muita gente na sala de espera, e, provavelmente, com vários tipos de câncer em vários estágios. Lenços, perucas, cabelos crescendo. Como vejo também na atitude dos meus queridos aqui presentes medo, temor, resignação; alguns em um silêncio gritante, outros com extrema coragem, demonstrando que estão no início do tratamento como eu.
Quanto a mim, peço por todos aqui e por mim também. Minha filha está correndo para cima e para baixo para resolver problemas com a UNIMED de Sergipe. Eu só tenho a agradecer! Recebi e recebo bênçãos e este é um dia M A R A V I L H O S O só porque inicio o meu tratamento.”

Viajei com Bob para Piracicaba para passar uns dias com meus pais, meus filhos Juninho e René e meus irmãos Fábio e Lia. Que bom se eu estivesse apenas em férias! Mas a realidade é outra e em nenhum momento eu a neguei, nem a mim nem a ninguém. Existe algo maligno no meu organismo, que não me pertence, isto não é meu e por isso será demolido. Isso já tem me rendido algumas limitações, fico cansada e minhas idas ao banheiro são constantes e desconfortáveis. Tudo o que como é quase que imediatamente excretado e tenho cuidado ao comer.
Passo o meu tempo fazendo palavras cruzadas, lendo vários livros ao mesmo tempo além do meu inseparável Evangelho, acesso a Internet e procuro sites que falem sobre o câncer anal, sobre o tratamento, sobre quimioterapia, radioterapia, colostomia....

Meus 56 anos
Hoje é dia do meu aniversário. Vou ao hospital segunda-feira para talvez iniciar a radioterapia e quero aproveitar esses dias para fazer várias coisas aqui em São Paulo. Meu querido René está aqui. Preciso saber mais sobre a radio com a finalidade de me preparar bem emocionalmente.

Síndrome de Pânico.... Câncer...
Minha luta é no sentido da vitória. Além de vencer a lesão, venço a síndrome de pânico. No momento, aceitei ingerir Lexotan desde que soube do percurso que farei a caminho do final feliz. Às vezes, a agitação irracional ainda me toma, mas vou vencê-la. Hoje mesmo, no banho, chegaram os pensamentos negativos e fóbicos indesejáveis. Imaginava-me presa, amarrada para receber a radioterapia e que isso vai acontecer todos os dias. Já desejei sair correndo molhada mesmo de dentro do banheiro, mas consegui controlar meus pensamentos. A agitação só dura segundos... firmei em Jesus, imaginei seus sofrimentos por nós e continuei o meu banho tranquila e orando.
O dia do meu aniversário não foi dos melhores. Saí com René para almoçar e pagar algumas contas e nem consegui entrar na agência bancária por conta daquele excelente invento que colocam na entrada dos bancos que te impedem de entrar enquanto o bandido está assaltando. Os caixas eletrônicos, não sei o que acontece, não estão funcionando a contendo há algum tempo e eu não consegui pagar as minhas contas usando somente o código de barras dos boletos que chegaram em Aracaju.
O fantasma da radio aterrorizou minha mente o dia todo. Quando Talita chegou da faculdade, já ao cair da noite, enquanto ela arrumava o meu cabelo para sairmos, me tranquilizei um pouco, mas ao chegar ao shopping onde fomos para comemorar, não consegui me conter e chorei. Minha filha me acalmou, lembrando que meu tratamento não será tão violento, que existem medicamentos para aliviar os efeitos colaterais da radio.
Em casa, bem mais calma, tomei a minha dose de diazepam e me distrai na Internet, conferindo meus e-mails e agradecendo aos amigos e alunos os votos de feliz aniversário.
Felizmente, amanheci no dia seguinte com essa história de radio bem processada na minha mente.

22/06/2009
Estou pronta para ir ao Hospital passar pelo radioterapeuta para começar as sessões de radioterapia. Já estou sossegada. Tenho certeza que meus companheiros espirituais estão comigo e tudo é feito em nome de Jesus! É ELE que guia os meus passos e de todos aqueles envolvidos neste tratamento. Como me disseram no Joana de Ângelis é para eu sentir Deus entrando nas sessões de cura. Portanto, nada me assusta porque “a atividade de Deus é o único poder em ação na minha vida, no meu coração e na minha mente. Todas as falsas crenças, todas as aparências negativas diluir-se-ão imediatamente pelo poder amoroso e perdoante de Deus. Eu sou um ser completo, livre e feliz como Deus criou-me para ser”.

24/06/09
Estou na mais completa paz, independentemente do que esteja acontecendo. Na segunda-feira, passei pelo radioterapeuta que me encaminhou ao procto (cirurgia de pelve) e ainda tem alguns exames a fazer antes do início do tratamento. Porém, acordei com essa paz no coração, já me imaginando plácida em todos os momentos que ainda passarei.
René coloca umas músicas xamãs, às vezes a loucura dele é muito útil, sacode


02/07/09
Não aceito que minha mente tente me descontrolar.
EU ACEITO
Que, pela vontade de Deus, fui acometida por um câncer
Que, pela vontade deste mesmo Deus, existem chances de cura
Que para que aconteça a cura eu tenho de ter paciência
Que os procedimentos pelos quais passo são obras de Deus em mim
Que em nenhum momento me esqueço das operações de Deus em mim
Que é ELE que me dá tranqüilidade
Que é ELE que me dá coragem
Que é ELE que me dá ouvidos para ouvir somente pensamentos positivos
Que as palavras doces e de consolo vêm DELE e eu AS ouço
Que eu afasto toda imagem negativa, com a força de Deus
Que eu afasto todo painel mental negativo, com a força de Deus
Que eu ignoro toda má sugestão com a força de Deus
Que minha mente constrói imagens positivas e felizes, com a força de Deus
Que em todos os momentos, existe algo feliz, com a força de Deus
Portanto, felizes todos os momentos do meu tratamento, com a força de Deus!
EU ACEITO imagens de flores na minha tela mental
Quadros de imensa beleza e luz que Deus me projeta
Pôr-de-sol, mar azul, cachoeiras de luz
E o meu velho bosque com sua fonte de vida
Uma plantação de girassóis de extrema beleza
O olhar piedoso de Maria com seu coração resplandescente
E ELE, o divino cordeiro, transferindo-me fluidos salutares!
EU ACEITO!

05/07/2009

Em Piracicaba. Agradecendo e louvando ao Senhor por todas as graças concedidas. Acabo de acertar a questão da casa de Aracaju com o proprietário, Sr. Marlon, que vai ajeitar tudo para mim. Graças....
E existem coisas que são indescritíveis... como, por exemplo, assistir um vídeo de spiritual com Jessye Norman e Kathleen Bates ao lado de papai logo de manhã. A alma exulta, sobe, e como se enobrece! Aspiro as energias vitais desses momentos tão sagrados. Deus opera em mim, tenho certeza.




15/07/2009
Acordei sentindo uma paz interior incrível e uma alegria que só pode ser celeste. Já faz dois meses que, conscientemente, convivo com um sangramento, embora pequeno, intermitente. E há alguma semanas que sinto dores. Incontáveis as idas ao Hospital das quais sempre colho impressões valiosas a minha experiência pessoal.
São mais de dois meses de mudança e de inconstância de estado de espírito. Há dias, como ontem e hoje que estou bem e outros que fico meio amedrontada e ressabiada, sem, no entanto, poder afirmar que fico mal. Passei ontem pela psicóloga, Carolina, que vai me dar subsídio durante o meu tratamento, mas eu sei que está tudo em ordem na minha cabeça.
Nas minhas idas ao hospital, na verdade, fico observando as pessoas, e rezo, oro por elas, convocando as entidades espirituais responsáveis por aqueles ambientes, pois nos semblantes registro o medo, a tristeza, o desânimo e a desolação, embora algumas demonstrem força, coragem e esperança. Dói ver os velhinhos, tão magrinhos, de aparência tão frágil e imaginar o que devem estar sofrendo. Porém, a impressão que tenho é que a maioria das pessoas ali são mulheres com mais de quarenta anos... e elas são heroínas! Muitas comparecem em companhia de uma amiga ou de alguém da família, algumas com os companheiros e outras sozinhas. São elas que vejo dignamente portanto seus exames, conversando, rindo... os velhinhos, geralmente, fecham-se no silêncio de suas dores, assombrados com o drama que estão vivendo.
Quanto a mim, ainda me esforço para estar desassombrada. Semana passada, dia 07/07, fui apresentada ao equipamento de radio e já fiz uma sessão experimental. Terça que vem, começo, e na verdade, não vejo a hora desse começo, pois é justo a semana que fico internada e que vai passar logo. Minha recuperação depende desses procedimentos e como me disseram no Joana de Ângelis, é Deus entrando em mim para me curar através da quimio e da radio.
Tem uma outra coisita que está crescendo dentro da minha cabeça: é que eu posso colocar a felicidade onde eu quiser. Portanto, é motivo de felicidade eu já poder fazer esse tratamento em um hospital do calibre do A.C. Camargo; é motivo de felicidade ter começado a pagar um plano de saúde em novembro de 2008; é motivo de felicidade ter um lugar para ficar em São Paulo para fazer o tratamento; é motivo de felicidade poder ter trazido meu cachorro e meu carro que me tem sido muito útil aqui; é motivo de felicidade poder estar perto de meus filhos e da minha família; é motivo de felicidade ter um emprego e ter direito ao auxílio-saúde; é motivo de felicidade ter duas futuras médicas na família, Talita e Adriana, muito preocupadas comigo e como disse a Adriana, tenho uma junta médica particular.

3 comentários:

  1. Boa Noite!!! Em primeiro lugar FELIZ ANO NOVO,com tdo que é de melhor do mundo áa vc.Fabilia eu sou a Rubia q moro no Taboao da Serra,nossa eu sempre falo em vc ,qdo encontro a Eliane eu pergunto se ela tem notícias sua,hoje falando de vc Raquel Trindade e nossas aventuras com o seu carro a Dani minha filha te encontrou no orkut tentei deixar msg p vc e nao consegui ai fomos ao blog,TE ACHEIIIII ESTOU MTO FELIZ por isso pois,embora pode ser q vc nao lembre-se de mim eu me lembro mto de vc,nossos filhos pequenos,lembro-me de todos RENE,TALITHA E MONIQUINHA,e vc q foi uma pessoa MTO IMPORTANTE em minha vida.AGRADESÇO Á DEUS por começar um ano encontrando uma pesssoa tao especial p mim,Ah qdo vc lembrar de mim vc vai lembrar q eu falo mto rsrsr BJKAS 1000.Ah se estiver em SP me avise p a gente se encontrar BJS E FIQUE COM DEUS!!!Meu tel 95354728 e 47879769 ME LIGAAAAAAA.

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  2. OUtro dia em meio a uma crise de depressão horrenda, Fabília me faz chorar de alegria, de emoção, de tristeza... com seu "levanta, Gesse", a vida tá aí na frente! e tal... você é um poço de sensações, querida "Mestre" e eu a amo como a uma mãe. E a sinto muito presente, mesmo em Sampa. Força sempre. Muita luz. Te amo. (bate uma saudade voraz de repente).

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